Canção das Mulheres...

Que meu amado saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que meu amado note quando preciso de silêncio e não saia batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos por que estou quieta.

Que meu amado aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza e bom humor.

Que meu amado perceba minha fragilidade, e não ria de mim nem se aproveite disso.

Que se eu faço uma bobagem, que meu amado goste um pouco mais de mim, porque também preciso fazer tolices algumas vezes.

Que se estou apenas cansada, meu amado não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.

Que se começo a chorar sem motivo depois de um dia daqueles, meu amado não desconfie logo que é culpa dele, ou que não o amo mais.

Que se estou numa fase ruim, meu amado seja meu cúmplice, sem fazer alarde, nem dizendo "Olha que estou tendo muita paciência com você!"

Que se me entusiasmo por alguma coisa, meu amado não a diminua, nem me chame de ingênua, nem queira fechar essa porta necessária que se abre para mim, por mais tola que possa lhe parecer.

Que, quando sem querer, eu digo algo inadequada diante de outras pessoas, meu amado não me exponha nem me ridicularize.

Que quando levanto de madrugada e ando pela casa, meu amado não venha logo atrás de mim reclamando: ”Mas que chateação essa sua mania, volta logo prá cama!”

Que se eu eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, meu amado ainda assim me ache linda e me admire.