sexta-feira, 1 de abril de 2011

A carteira...


Eu retornava para casa em um dia muito frio, quando deparei-me com uma carteira jogada na rua. Procurei por algum meio de identificar o dono, porém a carteira continha apenas três dólares e uma carta amassada que parecia ter ficado ali por muitos e muitos anos...

No envelope amarelado pelo tempo, a única coisa legível era o endereço do remetente. Comecei a ler a carta tentando encontrar alguma dica. Foi quando eu avistei o cabeçalho: tinha sido escrita há quase sessenta anos atrás!!!

Havia sido escrita com uma bonita letra feminina em azul claro sobre um papel de carta com uma flor ao canto esquerdo. A carta dizia que sua "mãe a havia proibido de se encontrar com Michael mas ela escrevia a carta para dizer que sempre o amaria. Assinado Hannah"

Era uma carta bonita, mas não havia nenhum modo (com exceção do nome Michael) de identificar o dono.

Resolvi entrar em contato com a cia. telefônica, expliquei o problema ao operador e lhe pedi o número do telefone no endereço que havia no envelope. O operador fez uma conexão daquele telefone comigo. Perguntei então à senhora do outro lado, se ela conhecia alguém chamada Hannah. Ela ofegou e respondeu:
- Oh! Nós compramos esta casa de uma família que tinha uma filha chamada Hannah. Mas isto foi há 30 anos atrás!!!

- E você saberia onde aquela família pode ser localizada agora?

- Do que me lembro, aquela Hannah teve que colocar sua mãe em um asilo alguns anos atrás. Talvez se você entrar em contato eles possam informar.


Ela me deu o nome do asilo e eu liguei. Eles me contaram que a velha senhora tinha falecido alguns anos atrás mas eles tinham um número de telefone onde acreditavam que a filha poderia estar vivendo. Eu lhes agradeci e telefonei.

A mulher que atendeu explicou que aquela Hannah estava morando agora em um asilo. A coisa toda começa a parecer estúpida, pensei comigo mesmo. Pra que estava fazendo aquele movimento todo só para achar o dono de uma carteira que tinha apenas três dólares e uma carta com quase 60 anos, quase 22 horas de uma noite enluarada?

Apesar disto, liguei para o asilo no qual era suposto que Hannah estava vivendo e o homem que atendeu disse-me:
- Sim, a Hannah está morando conosco.

- Posso ir vê-la?

- Ela poderá estar na sala assistindo a televisão.

Eu agradeci e corri para o asilo. A enfermeira noturna e um guarda me cumprimentaram à porta. Fomos até o terceiro andar. Na sala, a enfermeira me apresentou a Hannah. Era uma doçura, cabelo prateado com um sorriso calmo e um brilho no olhar.


Lhe falei sobre a carteira e mostrei a carta. Assim que viu o papel de carta com aquela pequena flor à esquerda, ela respirou fundo e disse:
- Esta carta foi o último contato que tive com Michael...

Ela pausou um momento em pensamento e então disse suavemente:
- Eu o amei muito. Mas na ocasião eu tinha só 16 anos e minha mãe achava que eu era muito jovem. Oh, ele era tão bonito. Ele se parecia com Sean Connery, o ator. Michael Goldstein era uma pessoa maravilhosa. Se você o achar, lhe fale que eu penso freqüentemente nele. E", ela hesitou por um momento, e quase mordendo o lábio, "lhe fale que eu ainda o amo...

- Você sabe", ela disse sorrindo com lágrimas que começaram a rolar em seus olhos, "eu nunca me casei. Eu jamais encontrei alguém que correspondesse ao Michael...

Eu agradeci a Hannah e disse adeus.

Quando passava pela porta da saída, o guarda perguntou-me:
- A velha senhora pode lhe ajudar?

- Pelo menos agora eu tenho um sobrenome. Mas eu acho que vou deixar isto para depois. Eu passei quase o dia inteiro tentando achar o dono desta carteira...


Quando o guarda viu a carteira, ele segurou-me pelo braço disse:
- Hei, espere um minuto! Isto é a carteira do Sr. Goldstein. Eu a reconheceria em qualquer lugar. Ele está sempre perdendo a carteira. Eu devo tê-la achado pelos corredores ao menos três vezes!

- Quem é Sr. Goldstein? - perguntei com minha mão começando a tremer.

- Ele é um dos idosos do 8º andar.

Agradeci o guarda e corri ao escritório da enfermeira. Lhe relatei o ocorrido. Voltamos para o elevador e subimos. No oitavo andar a enfermeira disse:
- Acho que ele ainda está acordado. Ele é um homem bem velho.

Fomos até o único quarto que ainda tinha luz e havia um homem lendo um livro. A enfermeira foi até ele e perguntou se ele tinha perdido a carteira. Sr. Goldstein olhou com surpresa, pondo a mão no bolso de trás e disse:
- Oh, está perdida!

- Este amável cavalheiro achou uma carteira e nós queremos saber se é sua?

Entreguei a carteira ao Sr. Goldstein, ele sorriu com alívio e disse:
- Sim, é minha! Devo ter derrubado hoje a tarde. Eu quero lhe dar uma recompensa.


- Não, obrigado! Mas eu tenho que lhe contar algo. Eu li a carta na esperança de descobrir o dono da carteiraE eu acho que sei onde a Hannah está!

Ele ficou pálido de repente.
- Hannah? Você sabe onde ela está? Como ela está? É ainda tão bonita quanto era? Você pode me falar onde ela está? Quero chamá-la amanhã

Ele agarrou minha mão e disse-me:
- Eu estava tão apaixonado por aquela menina, e quando aquela carta chegou minha vida literalmente terminou. Eu nunca me casei. Eu sempre a amei.

- Sr. Goldstein, venha comigo.

Fomos de elevador até o terceiro andar. Atravessamos o corredor até a sala onde Hannah estava assistindo televisão. A enfermeira caminhou até ela e perguntou à ela:- Hannah você conhece este homem?

Ela ajeitou os óculos, olhou um momento, mas não disse uma palavra. Michael disse suavemente, quase em um sussurro:
- Hannah, é o Michael. Lembra-se de mim?

- Michael! Eu não acredito nisto! Michael! É você! Meu Michael!


Ele caminhou lentamente até ela e se abraçaram. A enfermeira e eu partimos com lágrimas rolando em nossas faces.
- Veja, veja como o bom Deus trabalha! Se tem que ser, será!!!

Aproximadamente três semanas depois eu recebi uma chamada do asilo em meu escritório.

- Você pode vir no domingo para assistir a um casamento? O Michael e Hannah vão se casar!

Foi um casamento bonito, com todas as pessoas do asilo devidamente vestidos para a celebração. Hannah usou um vestido bege claro e bonito. Michael usou um terno azul escuro. O hospital lhes deu o próprio quarto e se você sempre quis ver uma noiva com 76 anos e um noivo com 79 anos agindo como dois adolescentes, você tinha que ver este par. Um final perfeito para um caso de amor que tinha durado quase 60 anos...

9 comentários:

  1. Isso é Deus!
    Quando Deus quer, nada nem ninguém impede...

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  2. Fiquei completamente arrepiada...
    Linda história...

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  3. Esta história é real? Gostaria de usá-la como ilustração em palestras e sermões. vc pode me passar mais detalhes sobre a veracidade desta história?

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  4. muito legal adorei a historia. Elgar Kruger

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  5. Muito emocionante esta história!
    Raríssimo de acontecer, mas acontecem.São os designios de Deus.

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  6. Adorei a mensagem, estou também esperando uma resposta do nosso Deus. Valeu beijos..

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  7. que azar, perderam 60 anos...

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  8. Linda história. Nossa é comovente. Nosso Deus sempre coloca as pessoas certas, em nossos caminhos.

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  9. Para o amor não tem tempo nem idade , o que importa é a intensidade. As vezes 5 anos valem mais que 50.

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