segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A Força do Amor...

Em 20 de março de 1991 decolava de uma base aérea cubana o comandante Orestes Lorenzo num caça "MIG-23", o avião mais moderno da Força Aérea Cubana. A toda a velocidade e a baixa altitude, cruzou, em menos de 10 minutos, os 150 km que separam Cuba dos Estados Unidos. 


Como voava quase a razar a água, nem os radares cubanos nem os norteamericanos detectaram a sua presença. 


Orestes conseguiu aterrissar, sem problemas, na Base Aeronaval de Boca Chica, em Cayos de la Florida.


Ali, solicitou asilo e, uma vez superados os interrogatórios a  que foi submetido, recebeu o estatuto de refugiado político.


A deserção de Orestes Lorenzo foi uma bofetada no regime castrista. O comandante Lorenzo era um dos pilotos de elite da Força Aérea. Veterano da Guerra de Angola, havia realizado dois períodos de treino na União Soviética. 


Foi durante o último deles, já com a “Perestroika” de Gorbachov em marcha, que Orestes começou a questionar o regime comunista e a sua vida em Cuba. Na União Soviética começavam a soprar os ventos da liberdade. 


Após o seu regresso, começou a planejar a sua deserção com a esperança de que, uma vez nos Estados Unidos, sua mulher, Victoria, e os seus dois filhos poderiam reunir-se a ele. Depois da fuga com o avião, e já na qualidade de refugiado, reclamou a saída de sua família da Ilha, mas deparou-se com a negativa de Raúl Castro, ao tempo, Comandante das Forças Armadas.


Castro, de maneira alguma  permitiria sair de Cuba a  família de um militar de elite que tinha atraiçoado a confiança depositada nele e tinha exposto o regime ao ridículo.


Orestes recorreu à Comissão dos Direitos Humanos da ONU, sem qualquer resultado. Coincidindo com a Cimeira Iberoamericana, celebrada em Madrid, em 1992, com a presença de Fidel Castro, realizou um acto de protesto, acorrentando-se às portas de ferro do Parque del Retiro.


A Rainha Sofía realizou deligências pessoais perante Fidel para conseguir a saída de Victoria e seus dois filhos de Cuba. O assunto chegou, mesmo até, ao gabinete de Mijaíl Gorbachov.


Tudo foi infrutuoso. Raúl Castro, através do seu ajudante pessoal, fez chegar a sua resposta a Victoria: “Diga ao seu marido que, se teve “los cojones” (colhões) para levar um avião, que os tenha também para vir buscá-la, pessoalmente"


Orestes Lorenzo chegou a publicar uma carta aberta a Fidel Castro no "Wall Street Journal" na qual se oferecia para se apresentar a julgamento em Cuba se ele permitisse sua mulher e seus filhos viajarem até aos Estados Unidos. Tampouco houve resposta. Perante as poucas perspectivas das deligências internacionais, o desespero levou o ex-militar cubano a pensar num rapto. Decidiu então que, se não tinha êxito por bem, iria ele mesmo tirar a sua família de Cuba.


Conhecia os aviões russos, mas tinha que treinar-se em modelos convencionais ocidentais. Conseguiu a licença de piloto desportivo em pouco tempo e, com 30.000 dólares emprestados por uma organização humanitária de exilados cubanos, adquiriu uma velha avioneta bimotor "Cessna 310“, com tudo em ordem. Através de um par de amigas mexicanas que viajaram até Cuba, fez chegar secretamente à sua família a data, o lugar e a hora exata onde deveriam esperá-lo para o resgate que havia posto em marcha.


Considerado um dos maiores inimigos do Regime de Fidel Castro, Orestes sabia que se fosse preso na Ilha poderia ser  condenado a Pena de Morte. E se fosse detectado pelos radares, mesmo com sua família dentro, ele poderia ter seu avião abatido pela força Aérea cubana. O dia escolhido foi 19 de dezembro, às cinco da tarde. O refugiado cubano decolou de um pequeno aeroclube, perto de Miami, advertindo de que, se não regressasse no prazo de duas horas, o dessem por morto. 


Mas Orestes estava sendo impulsionado pela “Força do Amor” e não se intimidou em enfrentar todos os riscos conhecidos no caminho para voltar a viver com sua esposa e filhos… Voando a baixíssima e perigosa altitude (2 metros sobre o oceano para evitar os radares), o pequeno avião aproximou-se da Ilha ao entardecer… Então, conforme planejado, dirigiu-se a uma estrada estreita, frente à praia El Mamey, muito próxima da cidade de Varadero, a uns 150 KM a leste de Havana. Logo, sua mulher e os dois pequenos filhos, que o esperavam na estrada, segundo o combinado, escutaram o ronco do motor e correram na direção do avião.


O que Lorenzo não havia previsto, no seu minucioso plano, foi que a essa hora a estrada estivesse com trânsito. O cenário não podia ser pior: na área prevista para a aterrissagem havia um automóvel, um trator, um veículo com turistas e uma gigantesca pedra, no meio  da via.


Balançando as asas, o piloto quase roçou o teto do carro, tocou em terra e deteve-se a oito metros do veículo com os turistas, que ficaram petrificados nos seus assentos e os olhos a ponto de lhes sairem das órbitas.


Quase dois anos depois da separação, Lorenzo viu aparecer a sua família correndo frente ao avião. Na corrida, Alejandro, o menor dos meninos, perdeu um sapato. Para evitar um acidente com as hélices e preparar a decolagem, inverteu a direcção do avião e abriu a porta da cabina. Tudo em menos de um minuto.


Orestes conseguiu decolar, mas dentro do avião o medo paralizava os seus ocupantes. Victoria tinha a vista fixa no céu temendo que aparecessem os caças cubanos. Rezava. Os meninos estavam assustados, confundidos, choravam. Somente quando a aeronave ultrapassou o paralelo 24, limite do espaço aéreo de Cuba, a tensão relaxou. Quase uma hora mais tarde, o pequeño avião aterrissava de regresso à Florida.


A comoção que causou a proeza de Orestes foi tremenda, já que, pela segunda vez, havia feito cair no ridículo o regime castrista. Na primeira conferência de imprensa disse: “Digam a Raúl Castro que eu segui o seu conselho e fui pessoalmente  buscar a minha querida família".


Atualmente, Orestes é um próspero empresário que dirige a sua própria empresa constructora, em Miami, algo que em Cuba jamais tinha podido fazer. E como diz um célebre ditado (origem desconhecida): “A Democracia tem muitos defeitos, mas ainda não inventaram outra forma melhor pra se governar um país.” Cuba, Tunísia, Egito, Omã, Marrocos, Líbia, Irã, Arábia Saudita, China, Libéria, Coréia do Norte, Sudão... Neste mundo, a lista dos países sem Democracia ainda é bem grande!!!



Fique ligado nos rumos políticos de tua Pátria !!!

Um comentário:

Nesse exato momento seu comentário está sendo analisado, e caso NÃO possua palavrões será aprovado dentro de alguns minutos..

AGRADECIDO por postar seu comentário!! Você está contribuindo ainda mais para melhorar esse espaço que é de todos!! :-)

Grande abraço em Cristo!!

Anderson Rieper