sexta-feira, 11 de março de 2011

Mães só morrem quando querem...


Eu tinha 7 anos quando matei minha mãe pela primeira vez. Eu não a queria junto a mim quando chegasse à escola em meu 1º dia de aula. Eu me achava forte o suficiente para enfrentar os desafios que a nova vida iria me trazer.

Poucas semanas depois descobri aliviado que ela ainda estava lá, pronta para me defender não somente daqueles garotos brutamontes que me ameaçavam, como das dificuldades intransponíveis da tabuada.

Quando fiz 14 anos eu a matei novamente. Não a queria me impondo regras ou limites, nem que me impedisse de viver a plenitude dos vôos juvenis. Mas logo no primeiro "porre" eu felizmente a redescobri viva. Foi quando ela não só me curou da ressaca, como impediu que eu levasse uma vergonhosa surra de meu pai...

Aos 18 anos achei que mataria minha mãe definitivamente. Entrara na faculdade, iria morar em república, faria política estudantil, atividades em que a presença materna não cabia em nenhuma hipótese. Mais um ledo engano: quando me descobri confuso sobre qual rumo seguir, voltei à casa materna. Único espaço possível de guarida e compreensão...

Aos 23 anos me dei conta de que a morte materna era possível, porém requereria muita lentidão... foi quando me casei, finquei bandeira de independência e segui viagem. Mas bastou nascer a primeira filha para descobrir que o bicho mãe se transformara num espécime ainda mais vigoroso chamado AVÓ.


Apesar de tudo, continuei acreditando na tese de que a morte seria bem demorada, e aos poucos fui me sentindo mais distante e autônomo, mesmo que a intervalos regulares, ela reaparecesse em minha vida desempenhando papéis importantes e únicos. Papéis que somente ela poderia protagonizar...

Mas o final dessa história, ao contrário do que eu sempre imaginei, foi ela quem definiu: quando menos esperava, ela decidiu MORRER. Assim, sem mais, nem menos, sem pedir licença ou permissão, sem data marcada ou ocasião para despedida, minha tese da morte bem demorada ruiu. Ela simplesmente se foi, deixando a lição que mães não são para sempre!!!

Descobri que devemos amar as pessoas, enquanto elas estão por aqui... é por isso que temos que amá-la sempre, pois nunca saberemos quando ela vai querer partir... o vazio que fica, esse nunca mais conseguiremos preencher com qualquer outra pessoa ou objeto...

Não espere ela partir para lhe dar AMOR, pois certamente um dia você vai descobrir que talvez a pessoa que mais lhe amou na vida,
foi ela!!!

6 comentários:

  1. me emocionei, lindo demais, obrigado pela mensagem.

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  2. É uma realidade muito triste. Eu pensava que mae era eterna, que nao tinha o direito de morrer e um dia, para a maior surpresa da minha vida (nunca haverá outra igual), ela se foi... e para sempre. Eu tinha mais de trinta anos, mas nunca me senti tao indefesa, tao pequenina, tao insegura... Meu nome é Geny Götze

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  3. custou mas mandou bem nessa

    coloque coisas assim e não vídeos cheios de baboseiras

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  4. mãe ha que saudade minha mãe. tenho esposo filho, mas não tenho minha mãe. Achei que vc fosse eterna pois era meu castelo forte para me proteger, para contar as alegrias as tristesas para lhe chamar de mãe mais uma vez.

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  5. ...se pudesse pensar antes de nascer e como eu nasci sem poder ter pensado, vivo o "hoje" sem pensar no "amanha". Nao luto àquilo que me foi negado por direito da Lei...e essa Lei é talvez bem maior do que eu possa imaginar...É a LEI dos Grandes e com toda a minha razao de ter ou de ser, nao vou gritar! Estou de olhos abertos e posso ouvir o mais alto dos gritos que nem preciso dizer qual é. Uma coisa é amar o Brasil como tanto amo! A outra é: PORQUE SOU BRASILEIRA; se a aminha vergonha nao incomoda os "PODEROSOS" do meu PAÍS??? Meu nome é GENY, o resto nao importa...e daí?

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Anderson Rieper